Na narrativa de Daniel 3 existe um silêncio misterioso acerca da pessoa de Daniel. Ele é a figura principal em todo o livro, mas neste capítulo não existe qualquer referência ao seu nome. Porque é que Daniel não esteve presente na consagração da estátua, sendo ele o governador de Babilónia, quando o decreto do rei exigia a sua presença?
Quem sabe se a resposta a esta questão não nos ajudará a compreender melhor o capítulo 3 de Daniel? Vamos então estudar alguns detalhes desta narrativa bíblica.
Avançando desde já para o momento crucial em que os amigos de Daniel permaneceram em pé, enquanto toda a multidão se prostrou e adorou a estátua, vamos ler os versos sagrados que o descrevem:
"Falou Nabucodonosor, e lhes disse: É de propósito, ó Sadraque, Mesaque e Abednego, que vós não servis a meus deuses nem adorais a estátua de ouro que levantei?
Agora, pois, se estais prontos, quando ouvirdes o som da buzina, da flauta, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles, e de toda a espécie de música, para vos prostrardes e adorardes a estátua que fiz, bom é; mas, se não a adorardes, sereis lançados, na mesma hora, dentro da fornalha de fogo ardente. E quem é o Deus que vos poderá livrar das minhas mãos?
Responderam Sadraque, Mesaque e Abednego, e disseram ao rei Nabucodonosor: Não necessitamos de te responder sobre este negócio.
Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará da fornalha de fogo ardente, e da tua mão, ó rei.
E, se não, fica sabendo ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste." Dn. 3:14-18
Estes três jovens acreditaram que Deus os poderia livrar da morte naquela fornalha ardente, mas ainda assim, se dispuseram a ser fiéis aos seus princípios, sabendo que poderiam eventualmente morrer. Então se manifestou o poder de Jeová para livrar os seus servos:
"E estes três homens, Sadraque, Mesaque e Abednego, caíram atados dentro da fornalha de fogo ardente.
Então o rei Nabucodonosor se espantou, e se levantou depressa; falou, dizendo aos seus conselheiros: Não lançamos nós, dentro do fogo, três homens atados? Responderam e disseram ao rei: É verdade, ó rei.
Respondeu, dizendo: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, sem sofrer nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante ao Filho de Deus.
Então chegando-se Nabucodonosor à porta da fornalha de fogo ardente, falou, dizendo: Sadraque, Mesaque e Abednego, servos do Deus Altíssimo, saí e vinde! Então Sadraque, Mesaque e Abednego saíram do meio do fogo.
E reuniram-se os príncipes, capitães, os governadores e os conselheiros do rei e, contemplando estes homens, viram que o fogo não tinha tido poder algum sobre os seus corpos; nem um só cabelo da sua cabeça se tinha queimado, nem as suas capas se mudaram, nem cheiro de fogo tinha passado sobre eles.
Falou Nabucodonosor, dizendo: Bendito seja o Deus de Sadraque, Mesaque e Abednego, que enviou o seu anjo, e livrou os seus servos, que confiaram nele, pois violaram a palavra do rei, preferindo entregar os seus corpos, para que não servissem nem adorassem algum outro deus, senão o seu Deus." Dn. 3:23-28.
Estes homens tinham as mesmas fraquezas que tu e eu mas, finalmente, pela fé venceram, desobedecendo ao rei Nabucodonozor. Mas, onde estava Daniel? Não era Daniel o governador de Babilónia (Dn. 2:48,49), província na qual se tinha erguido a estátua, um ídolo gigantesco?! Daniel não foi à inauguração deste monumento na sua província?! Houve um decreto para que todos os principais do reino fossem:
"Então o rei Nabucodonosor mandou reunir os príncipes, os prefeitos, os governadores, os conselheiros, os tesoureiros, os juízes, os capitães, e todos os oficiais das províncias, para que viessem à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado.
Então se reuniram os príncipes, os prefeitos e governadores, os capitães, os juízes, os tesoureiros, os conselheiros, e todos os oficiais das províncias, à consagração da estátua que o rei Nabucodonosor tinha levantado; e estavam em pé diante da imagem que Nabucodonosor tinha levantado.
E o arauto apregoava em alta voz: Ordena-se a vós, ó povos, nações e línguas:
Quando ouvirdes o som da buzina, da flauta, da harpa, da sambuca, do saltério, da gaita de foles, e de toda a espécie de música, prostrar-vos-eis, e adorareis a estátua de ouro que o rei Nabucodonosor tem levantado." Dn. 3:2-5
Onde estava Daniel, e porque é que ele recusou este convite? Ou melhor, os convites do rei não eram para serem rejeitados! Eram ordens.
"E não é de surpreender que numa terra onde a idolatria era culto prevalecentemente universal, a imagem bela e sem preço erguida no campo de Dura, representando a glória de Babilónia e sua magnificência e poder, fosse consagrada como objecto de adoração. Em plena concordância com isto foi feita provisão, tendo sido expedido um decreto de que no dia da dedicação todos mostrassem sua suprema lealdade ao poder babilônico curvando-se diante da imagem.
O dia marcado chegou, e uma vasta multidão de todos os "povos, nações e línguas", se reuniu na planície de Dura. Em harmonia com o mandado do rei, quando o som de músicas foi ouvido, todos se prostraram, "e adoraram a estátua de ouro"." Profetas e Reis, págs. 505,506.
Houve um decreto para a consagração da imagem levantada no campo de Dura em Babilónia, em certo dia e hora, há cerca de 2500 anos atrás. Onde estava Daniel?! Deveriam os amigos de Daniel ter-se apresentado, ainda que tenham permanecido em pé, para a consagração ou inauguração daquela estátua?! Deveríamos nós apresentar-nos para a consagração de alguma espécie de ídolo, até mesmo para a mais pequena imagem de Fátima?!
Ainda por cima a estátua era uma negação do sonho dado por Deus a Nabucodonosor, e da respectiva interpretação feita por Daniel. Acredito que Daniel não se permitiu a si mesmo estar presente nesse lugar, pois tinha consciência que isso seria pecar contra Deus, e simplesmente desobedeceu ao mandato do rei.
Teólogos adventistas dizem que talvez ele estivesse doente, ou foi dispensado do rei. No entanto, se alguém era saudável em Babilónia, esse alguém deveria ser Daniel, pois foi dele que anos antes partiu a iniciativa de não se contaminar com comidas imundas (cap. 1:8). Por outro lado, ninguém ficava dispensado dos decretos do rei, nem mesmo Daniel que era um dos principais governadores de todo o reino (cap. 2:48,49). Podemos verificar a sua presença, a mandato do rei, noutras circunstâncias (cap. 4:6-8), em que os princípios de Jeová não foram colocados em risco, mas noutra ocasião, não fez caso do decreto do rei, devido à sua fidelidade para com Deus, e por isso acabou por ser lançado na cova dos leões (cap. 6).
Acredito pessoalmente, que Daniel, no dia do decreto, pura e simplesmente se recusou a ir àquele encontro, dedicando aquele dia a Jeová, como também acredito que, enquanto governador da Babilónia, em nada teve que ver com a construção daquela estátua.
Felizmente que os amigos de Daniel, apesar de terem comparecido à consagração da estátua, não se prostraram para a adorar e foram livrados por Deus.
É interessante notarmos as semelhanças entre este episódio e aquele que é relatado no livro de Ester, relativamente à rainha Vasti. Depois de 180 dias de festa e banquete na fortaleza de Susã, com todos os representantes das 127 províncias da Pérsia e Média, Assuero deu ainda um banquete aos moradores daquele lugar:
“E, acabados aqueles dias, fez o rei um banquete a todo o povo que se achava na fortaleza de Susã, desde o maior até ao menor, por sete dias, no pátio do jardim do palácio real. (…)
E o beber era por lei, sem constrangimento; porque assim tinha ordenado o rei expressamente a todos os oficiais da sua casa, que fizessem conforme a vontade de cada um.
Também a rainha Vasti deu um banquete às mulheres, na casa real, do rei Assuero.
E ao sétimo dia, estando já o coração do rei alegre do vinho, mandou a Meumã, Bizta, Harbona, Bigtá, Abagta, Zetar e Carcas, os sete camareiros que serviam na presença do rei Assuero,
Que introduzissem na presença do rei a rainha Vasti, com a coroa real, para mostrar aos povos e aos príncipes a sua beleza, porque era formosa à vista.
Porém a rainha Vasti recusou vir conforme a palavra do rei, por meio dos camareiros; assim o rei muito se enfureceu, e acendeu nele a sua ira. (…)
Se bem parecer ao rei, saia da sua parte um edito real, e escreva-se nas leis dos persas e dos medos, e não se revogue, a saber: que Vasti não entre mais na presença do rei Assuero, e o rei dê o reino dela a outra que seja melhor do que ela. (…)
Passadas estas coisas, e apaziguado já o furor do rei Assuero, lembrou-se de Vasti, e do que fizera, e do que se tinha decretado a seu respeito.” Est. 1:5,8,9,10,11,12,19; 2:1.
Depois de 6 meses de festa, a mente do rei não estaria certamente demasiado lúcida e nas melhores condições. Ao contrário, no 7º dia do 2º banquete em Susã, torna-se evidente que o rei Assuero estava completamente embriagado, com os seus sentidos embotados e a razão dominada pelos apetites.
É de extrema importância o facto de que as mulheres se reuniam à parte para festejar, pois a própria rainha Vasti não participou nem mesmo no banquete do povo da fortaleza de Susã onde vivia.
É de estranhar como é que os adventistas, que não bebem bebidas alcoólicas, têm suas faculdades tão embotadas quanto o rei Assuero. Se os mundanos da Pérsia e Média não se permitiam a banquetear com suas mulheres, como é que os adventistas se permitem realizar banhos mistos, juntamente com mulheres cuja nudez está exposta em grande maneira?! Onde está a modéstia dos homens e mulheres adventistas, que se consideram o professo povo de Deus?! Não deveria a associação de homens e mulheres ser limitada a certas circunstâncias? Deverão os adventistas ser menos rigorosos que os pagãos?
“É este um século dissoluto. Meninos e meninas começam a dar atenção uns aos outros quando deviam estar no Jardim da Infância tomando lições de modéstia e comportamento. Qual é o efeito dessa mistura comum? Aumenta a castidade dos jovens que assim se reúnem? Não, de fato não. Faz crescer as primeiras paixões concupiscentes; depois de tais encontros, a juventude é enlouquecida pelo diabo, e se entrega às suas práticas vis. (…)
A corruptora doutrina prevalecente de que, segundo o ponto de vista da saúde, devem os sexos misturar-se tem realizado sua perniciosa obra. Quando os pais e tutores manifestarem um décimo da perspicácia de Satanás, então essa associação de sexos poderá ser quase inofensiva. Assim sendo, Satanás tem muito êxito em seus esforços para enfeitiçar a mente dos jovens; e a mistura de meninos e meninas apenas aumenta vinte vezes mais o mal. Testimonies, vol. 2, págs. 482 e 483. ” Orientação da Criança, págs. 455,456.
Entretanto, no contexto anteriormente descrito, o rei Assuero, cuja mulher era Vasti, de grande beleza e formosura, desejou em sua mente pervertida mostrá-la aos povos. Ou seja, a beleza e formosura da rainha, que lhe cabiam a ele por direito, em suas recâmaras íntimas, queria ele expor diante de toda a gente, num banquete público de homens certamente tão bêbados quanto ele.
O que poderia ter sucedido ante tal espectáculo? Não seriam as paixões animais excitadas a tal ponto que tomasse Satanás completamente conta daquela vil multidão?!
Mas “a rainha Vasti se recusou vir conforme a palavra do rei… assim o rei muito se enfureceu, e acendeu nela a sua ira”. Apesar de ser uma mulher de costumes pagãos, sua noção de modéstia e pudor era muito mais elevada que a das mulheres adventistas actuais que se permitem vestir calças, minissaias, bikinis, etc., em associação comum com homens.
Vasti era uma mulher de carácter, honrada, e não cedeu às normas pelas quais se regia seu marido, apesar de ele ser o rei, e de estar assim desobedecendo ao seu mandato. Certamente que não foi por acaso que este episódio ficou registado na Bíblia. Mas, estranhamente, é raro ouvir-se falar dele na igreja. Deveriam aquelas que se consideram cristãs prestar atenção ao exemplo desta mulher!
“A questão a ser assentada agora, é: Há de a esposa sentir-se obrigada a ceder implicitamente às exigências do marido, quando ela vê que coisa alguma senão a paixão vil o domina, e quando sua razão e discernimento se acham convencidos de que ela o faz com dano do próprio corpo que Deus lhe ordenou possuir em santificação e honra, conservar como um sacrifício vivo para Deus?
Não é amor puro e santo o que leva a esposa a satisfazer às propensões animais do esposo, com prejuízo da saúde e da vida.” O Lar Adventista, pág. 126.
Desta forma o rei, pressionado por seus orgulhosos conselheiros, destituiu Vasti da posição de rainha, divorciando-se dela. Foi uma decisão precipitada e irreflectida, pois tanto uns como outros estavam sob o efeito destabilizador do álcool. Mas ao passar esse efeito na mente de Assuero, se lembrou ele de sua mulher Vasti, e teve saudades dela, mas era tarde demais. Certamente que estava arrependido, mas não podia voltar atrás segundo as leis da época.
Na realidade, a rainha podia ter-se apresentado diante do rei, seu marido, e ter negado o seu pedido diante da multidão. Mas parece-me a mim que correria sérios riscos num meio tão perverso, como o de ceder a tal pedido ou ser assediada, bem como seria ainda mais humilhante para o rei a sua desobediência em público. Este é mais um caso de alguém que, por sua ausência, manifestou grande apego à verdade e a rectos princípios.
Por último, quero partilhar o facto de que a partir do momento em que descobri o erro da trindade, passei muitas vezes pela tentação de ignorar esse facto na igreja e nos cultos e enquanto cantávamos. Finalmente deixei de participar em cultos à trindade, tanto na família, como na igreja, bem como em todas as cerimónias em honra da trindade, seja de que igreja seja. Fazê-lo seria envolver-me em ecumenismo.
No dia em que morreu um de meus avós, não assisti à missa católica, nem à cerimónia fúnebre. A missa é a negação de Cristo, e tanto esta como a restante cerimónia fúnebre, constituem verdadeira adoração ao sol e consagração do corpo a Satanás. Foi uma prova muito grande, pois tive grande perseguição e críticas de alguns familiares. Chorei imensamente e com grande angústia, pelo conflito que se gerou em minha mente, mas não podia ir contra aquilo que Deus me mostrara em oração!
Ironicamente, as seguintes frases que encontrei na internet, escritas pelas chamadas “testemunhas de Jeová”, me fortaleceram muito:
“Assistir a serviços fúnebres em igrejas de outras religiões é altamente desaconselhável. Em A Sentinela 01/10/70, pág. 607-8, lemos: "Mas, antes de fazer isso, cada um deve considerar os diversos factores envolvidos e as possíveis alternativas. Embora fazê-lo não seja proibido pela congregação cristã, tal proceder certamente está cheio de perigos e problemas. O serviço fúnebre na igreja é realmente um ofício religioso. Portanto, é provável que envolva um sermão que advogue ideias anti-bíblicas, tais como a imortalidade da alma e que todos os bons vão para o céu. Pode envolver também práticas anti-bíblicas, tais como fazer o sinal da cruz e muito provavelmente participar numa oração unida com o sacerdote ou ministro de outra religião. Naturalmente, o cristão não pode participar nisso, em vista da ordem em Revelação 18:4. ... Sim, sua consciência estaria envolvida. Por quê? Porque outros poderiam vê-la, como uma das testemunhas de Jeová entrando na igreja, e poderiam tropeçar. ... Não há assim necessidade de o cristão sentir-se obrigado a ir ao serviço fúnebre numa igreja de outra organização religiosa, onde talvez haja a tentação de ceder à pressão e acompanhar a multidão, quando todos fazem algum ato de religião falsa. Assim se evita também o perigo de se praticar num ato de apostasia e de se desagradar a Jeová Deus. Mas cada um terá de decidir isso por si mesmo, à base das circunstâncias e de sua própria consciência."
http://www.testemunha.com.br/conteudo.asp?cod=59
No dia anterior, tinha sido um dos primeiros a ver o meu avó morto numa sala da morgue do hospital. Não haviam velas, nem ídolos. Entretanto, levaram-no para a morgue de sua aldeia, e haviam velas acesas (invocação dos demónios e adoração ao sol), além de outros símbolos pagãos presentes. Não mais entrei naquele lugar, e saí para não mais voltar. A paz e alegria de Jesus inundaram o meu coração!
Aparentemente, os heróis da fé do capítulo que estudámos foram os amigos de Daniel. Entretanto, o silêncio quanto a Daniel parece-me traduzir humildade e modéstia da sua parte, ao escrever seu livro, não querendo exaltar-se a si mesmo mas a Deus que enviou Seu anjo para livrar seus companheiros. A ausência de Daniel será para os leitores perspicazes uma evidência clara de que em tais ajuntamentos não deverá estar presente nenhum cristão.
“O mundo não deve ser nossa norma. Não nos devemos associar com os ímpios e participar de seu espírito, pois eles nos desviarão o coração de Deus para adoração a falsos deuses. (…) … não podemos nos associar livremente com aqueles que estão espezinhando a lei de Deus e preservar ao mesmo tempo nossa fé pura e imaculada. A menos que nos separemos deles, seremos envolvidos e com eles estaremos afinal unidos, para partilhar de sua condenação. Manuscrito 6, 1892.
Foi associando-se com os idólatras e unindo-se às suas festas que os hebreus foram levados a transgredir a lei de Deus, e trazer Seus juízos sobre a nação. Assim, agora, é levando os seguidores de Cristo a associar-se com os ímpios … que Satanás é mais bem-sucedido ao induzi-los ao pecado. "Saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo." II Cor. 6:17. Deus requer hoje de Seu povo uma distinção tão grande do mundo, nos costumes, hábitos e princípios, como exigia de Israel antigamente. Patriarcas e Profetas, pág. 458.” O Lar Adventista, pág. 460.
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