Gostaria de chamar a vossa atenção para o tema do santuário. Creio que não existe outro tema que defina tão claramente quem é Deus, onde Ele habita, e Sua actuação para com a humanidade. Convido-vos a analisar com profundidade as seguintes frases de Ellen White:
“O santuário do Céu, no qual Jesus ministra em nosso favor, é o grande original, de que o santuário construído por Moisés foi uma cópia. Deus pôs Seu Espírito sobre os construtores do santuário terrestre. A habilidade artística patenteada no trabalho era uma manifestação da sabedoria divina. As paredes tinham a aparência de ouro maciço, reflectindo em todas as direcções a luz das sete lâmpadas do castiçal de ouro. A mesa dos pães da proposição e o altar do incenso fulguravam como ouro polido. A magnífica cortina que formava o teto, bordada de figuras de anjos, nas cores azul, púrpura e escarlata, aumentava a beleza do cenário. E, além do segundo véu, estava o sagrado shekinah, a visível manifestação da glória de Deus, ante a qual ninguém, a não ser o sumo sacerdote, poderia entrar e viver.
O esplendor sem-par do tabernáculo terrestre refletia à vista humana as glórias do templo celestial em que Cristo, nosso Precursor, ministra por nós perante o trono de Deus. A morada do Rei dos reis, em que milhares de milhares O servem, e milhões de milhões estão em pé diante dEle (Dan. 7:10), sim, aquele templo, repleto da glória do trono eterno, onde serafins, seus resplandecentes guardas, velam a face em adoração - não poderia encontrar na estrutura mais magnificente que hajam erigido as mãos humanas, senão pálido reflexo de sua imensidade e glória. (…)
No templo celestial, morada de Deus, acha-se o Seu trono, estabelecido em justiça e juízo. No lugar santíssimo está a Sua lei, a grande regra da justiça, pela qual a humanidade toda é provada. A arca que encerra as tábuas da lei se encontra coberta pelo propiciatório, diante do qual Cristo, pelo Seu sangue, pleiteia em prol do pecador. Assim se representa a união da justiça com a misericórdia no plano da redenção humana. Somente a sabedoria infinita poderia conceber esta união, e o poder infinito realizá-la; é uma união que enche o Céu todo de admiração e adoração. Os querubins do santuário terrestre, olhando reverentemente para o propiciatório, representam o interesse com que a hoste celestial contempla a obra da redenção. Este é o mistério da misericórdia a que os anjos desejam atentar: que Deus pode ser justo, ao mesmo tempo em que justifica o pecador arrependido e renova Suas relações com a raça decaída; que Cristo pode humilhar-Se para erguer inumeráveis multidões do abismo da ruína e vesti-las com as vestes imaculadas de Sua própria justiça, a fim de se unirem aos anjos que jamais caíram e habitarem para sempre na presença de Deus.
A obra de Cristo como intercessor do homem é apresentada na bela profecia de Zacarias, relativa Aquele, “cujo nome é Renovo”. Diz o profeta: “Ele mesmo edificará o templo do Senhor, e levará a glória, e assentar-Se-á, e dominará no Seu trono, e será sacerdote no Seu trono, e conselho de paz haverá entre Eles ambos.” Zac. 6:13.
“Ele mesmo edificará o templo do Senhor.” Pelo Seu sacrifício e mediação, Cristo é tanto o fundamento como o edificador da igreja de Deus. O apóstolo Paulo indica-O como “a principal pedra de esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós”, diz ele, “juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito”. Efés. 2:20-22.
Ele “levará a glória”. A Cristo pertence a glória da redenção da raça decaída. Através das eras eternas, o cântico dos resgatados será: “Àquele que nos ama, e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados, ... a Ele glória e poder para todo o sempre.” Apoc. 1:5 e 6.
“E assentar-Se-á, e dominará no Seu trono, e será sacerdote no Seu trono.” Agora não está “no trono de Sua glória”; o reino de glória ainda não foi inaugurado. Só depois que termine a Sua obra como mediador, Lhe dará Deus “o trono de Davi, Seu pai”, reino que “não terá fim”. Luc. 1:32 e 33. Como sacerdote, Cristo está agora assentado com o Pai em Seu trono (Apoc. 3:21). No trono, com o Ser eterno e existente por Si mesmo, é Ele o que “tomou sobre Si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre Si”; que “em tudo foi tentado, mas sem pecado”; para que possa “socorrer aos que são tentados”. “Se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai.” Isa. 53:4; Heb. 4:15; 2:18; I João 2:1. Sua intercessão é a de um corpo ferido e quebrantado, de uma vida imaculada. As mãos feridas, o lado traspassado, os pés cravejados, pleiteiam pelo homem decaído, cuja redenção foi comprada com tão infinito preço.
“E conselho de paz haverá entre Eles ambos.” O amor do Pai, não menos que o do Filho, é o fundamento da salvação para a raça perdida. Disse Jesus aos discípulos, antes de Se retirar deles: “Não vos digo que Eu rogarei por vós ao Pai; pois o mesmo Pai vos ama.” João 16:26 e 27. “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo.” II Cor. 5:19. E no ministério do santuário, no Céu, “conselho de paz haverá entre Eles ambos.” “Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” João 3:16.” O Grande Conflito, págs. 414-417.
A transparência destas frases não deixa dúvidas!
O santuário ou templo celestial é o lugar da habitação de Deus, o Pai, e portanto de Seu trono. É Ele “o Ser eterno e existente por Si mesmo”, rodeado de milhares de anjos, diante do qual Jesus intercede pelos pecadores. Normalmente enfatiza-se muito o amor de Cristo, o Filho, em detrimento do amor do Pai, Deus. O Seu amor pela raça humana não é inferior, foi Ele que primeiramente nos amou (I Jo. 4:19), e entregou Seu Filho para nos redimir.
“E conselho de paz haverá entre Eles ambos*”, é parte de um verso que demonstra com clareza, que além do Pai e do Filho, nenhuma outra pessoa divina existe ou fez parte do conselho de paz a fim de redimir a raça humana. Sistematicamente ao analisarmos o santuário terrestre e o celestial, podemos encontrar um paralelo entre o shekinah (a manifestação visível da glória de Deus), o sacerdote e as figuras dos anjos, respectivamente, com Deus, o Pai, Seu Filho, Jesus Cristo, nosso sumo-sacerdote, e os anjos que cercam o trono e templo de Deus. Não existe lugar para uma manifestação separada e independente de uma 3ª pessoa divina! Isso constitui um atentado à verdade e à Revelação de Deus.
Se verdadeiramente permanecermos em Cristo, seremos “edificados para morada de Deus em Espírito”, em nossos corações. Ao permanecermos na verdade, na Palavra de Deus, teremos comunhão com o Pai e o Filho (I Jo. 1:3), em nosso espírito, pensamento, recebendo Suas bênçãos por meio dos anjos.
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